A ridícula noção de que mulheres precisam ter energia feminina...
e o que isso tem a ver com o 8 de março!
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, uma reflexão urgente e necessária: quando vamos parar de falar sobre "energia feminina" e "energia masculina"?
Estamos em 2025 e, mesmo assim, ainda somos bombardeadas com discursos que tentam rotular atitudes e comportamentos de mulheres com base em uma performance de gênero…meu-deus-do-céu, que preguiça!
Recentemente, assisti a um vídeo de uma jovem cristã que compartilhava como nunca havia tido uma briga em seu relacionamento, pois seguia uma “comunicação feminina”. Segundo ela, isso se devia ao fato de que, ao invés de "ordenar", ela "pedia", e ao invés de "explodir", ela se "colocava vulnerável".
Uma narrativa que, a princípio, pode parecer inofensiva, mas que, em sua essência, carrega um peso de conservadorismo…percebe?
Primeiro que essa ideia de que a comunicação "feminina" envolve vulnerabilidade ou pedir, e que essa postura donzela-em-apuros seria a chave para relações saudáveis, é uma falácia.
A comunicação não violenta (CNV), que estudamos e aplicamos nos relacionamentos há anos, não tem gênero (!!!). A CNV é uma abordagem que prioriza a expressão honesta dos sentimentos e necessidades, sem culpar o outro, a fim de evitar uma resposta defensiva e diminuir conflitos - fim de papo, tem nada a ver com gênero.
Mas percebe que ela indiretamente também sugere/normaliza que homens não deveriam ser vulneráveis, mas deveriam exibir uma "energia masculina", associada a liderança, controle e dominação? O que, por si só, já é problemático e faz com que a gente socialmente acabe passando por cima das emoções e das necessidades emocionais dos homens porque é “reparação histórica”. Mas além disso, ao transformar fenômenos emocionais e sociais complexos em uma questão de energias, esse discurso banaliza questões estruturais que envolvem poder, desigualdade e, claro, reduz a mulher a uma figura passiva e submissa, associando sua "energia feminina" à capacidade de ceder, se colocar vulnerável, e “suavizar” os conflitos…
Ah, francamente! Me poupe!
A real é que esse papo de "energia feminina e masculina" não é algo novo, mas uma tendência crescente alimentada por discursos conservadores, que pega que nem fogo em um palheiro nas redes sociais pelos "coachs de relacionamento"...e eu não to nem falando dos arquétipos junguianos de masculino e feminino aqui não (apesar de ter mtas, inúmeras críticas como psicóloga sobre essa análise sexista e desatualizada, que pode ficar pra outro dia, mas que se quiser fazer uma leitura mais profunda tem aqui!)].
Fiz questão de vir te chamar pra trocar essa ideia nesse 8 de março, Dia Internacional da Mulher, principalmente porque lá em 1908, as mulheres lutavam pelo direito ao voto, pela liberdade de escolher seu futuro e participar da política de uma sociedade dominada por homens…e esse legado de luta continua presente até hoje!
A questão fundamental, em 2025, é que a ideia de que as mulheres precisam possuir uma "energia feminina" para ter bons relacionamentos não é apenas um retrocesso, mas uma resposta direta à luta que mulheres têm travado ao longo dos anos por liberdade, igualdade e o direito de viver de acordo com suas próprias regras, e não com base em expectativas e regras de gênero ultrapassadas. Por favor, não caia nessa história, que isso é pura propaganda conservadora.
O mais importante pra gente hoje é lembrar que os nossos relacionamentos são, sim, políticos!
Hoje, a nossa luta precisa ser por termos nossas necessidades básicas respeitadas e consideradas, por um mundo mais justo dentro de nossos próprios lares e relacionamentos…e nisso entra uma comunicação (!) que garanta uma divisão justa das tarefas emocionais no relacionamento, na responsabilidade com as tarefas domésticas e de criação dos filhos, e mais um tanto de outras coisas.
O meu desejo pro meu relacionamento e pro seu que tá lendo aí é de que a gente possa construir, hoje mais do que nunca, relações baseadas no respeito mútuo e na prática do amor. Que esse 8 de março seja dia de lembrar que é no micro, no dia a dia, que fazemos a mudança acontecer…e não vai ser sendo passiva ou submissa que vamos conseguir isso!
Seguimos!
Ps.: se você tá lendo até aqui…vou te fazer um convite. Segunda-feira, dia 10/03, começa o meu desafio “72h sem estresse”, onde tenho 3 missões pra você em 3 dias para começar a transformação do seu relacionamento, olhando pro seu comportamento, pra sua comunicação e pro que você deseja construir em um relacionamento. Topa participar? É só clicar aqui pra saber mais!